quinta-feira, junho 08, 2006

A HISTÓRIA DE UM ESCRITOR. REJEITADO...

Sim, já cometi alguns livros. Tudo começou em 1994, se não me engano. Com 25 anos comecei a escrever meu primeiro... aham... livro. O Partido do Indivíduo. Não recomendo a ninguém. Se depender de mim, vai ficar inédito para sempre. Vá por mim. Não vale a pena.

A primeira versão, muito extensa, daria umas 600 páginas. Cortei para menos de 400 e mesmo assim achei que continuou enfadonho, pretensioso, insosso. Fiz uma terceira versão, com cerca de 200 páginas e outro nome: A Era Canto - ou como o Brasil deixou de ser o que era. Só o subtítulo já serve para afastar um fã pago. Não. Definitivamente essa história tem que permanecer escondida. Ela conta a trajetória de uma rapaz dotado de um carisma quase sobrenatural que acaba ingressando na vida política e chega até, muitos anos depois, à presidência da República. Paralelamente à história do sujeito, de sobrenome Canto (daí o título da terceira versão), o texto é recheado de citações filosóficas, políticas e de excertos de artigos de autores fictícios, discursos dos personagens e diálogos metidos a besta. Ou seja, uma imensa colcha de retalhos. Malcheirosa.

Depois escrevi Cesalpínia. Gostei mais do resultado final. A exemplo do primeiro livro, cheguei a enviar os originais a várias editoras do eixo Rio-São Paulo. Evidentemente, como acontece com 99,99% dos autores iniciantes, recebi - quando recebi - cartinhas bem-educadas lamentando a impossibilidade de publicação da obra devido ao 1) “nosso calendário de publicações já estar pronto para este ano”; 2) “tema não se encaixar em nenhuma das nossas linhas editoriais”; 3) “fato de não podermos arriscar com autores desconhecidos, pois o mercado editorial passa por uma série crise”.

Pelo menos algumas editoras devolviam os originais, aqueles trambolhões encadernados com espiral.

Cesalpínia conta duas histórias. Fala da desconhecida história de uma pequena nação literalmente escondida no Brasil e colonizada na mesma época que a gente. Só que a Cesalpínia (o nome vem da denominação científica do pau-brasil) foi habitada e construída por portugueses diferentes, por uma gente que transformou o lugar num paraíso em termos de qualidade de vida e desenvolvimento humano individual. Era uma terra de altíssimo FIB per capita. O que é FIB? É Felicidade Interna Bruta.

Por isso os portugueses dominantes e, depois, os já independentes brasileiros resolveram esconder o país do resto do mundo e dos outros habitantes de nossa maltratada pátria. Afinal, não ficaria bem para os poderosos que se começasse a fazer comparações. Não faria nenhum bem às oligarquias de sempre que o populacho descobrisse que outro mundo é possível, que existe uma forma diferente de tocar a vida, os negócios, o Estado...

Simultaneamente é contada a luta do representante da Cesalpínia no Brasil - uma espécie de embaixador secreto - para tentar tirar seu país do ostracismo, para acabar com a absurda situação. E como sofre o rapaz. Basicamente nas mãos do funcionário do governo brasileiro destacado para manter o status quo. No meio do caminho, descobre-se que há outras nações escondidas por aí. Ou tudo não passa de enganação ou delírio?

Enquanto ainda recebia negativas das editoras em relação a Cesalpínia, terminei de escrever A Confraria dos Homens de Bem. Algumas novas negativas depois, resolvi me render. Decidi pagar para ser publicado. Em 2001 descobri a Papel & Virtual Editora, que mediante um módico valor publica sua obra em duas modalidades: digital e impressa. A primeira custando a metade da segunda. Até hoje não recebi nenhum extrato da empresa - muito menos um depósito em minha conta -, mas pelo menos um livro sei que vendi. Uma das minhas irmãs comprou. Valeu, Nilma!

A Confraria é uma organização suprarreligiosa, suprapartidária, supraideológica - supratudo! - formada por médicos, delegados, engenheiros, padeiros, padres e membros de outras categorias (profissionais ou não) com a finalidade de acabar com a corrupção no Brasil. Seria um gesto até que louvável não fosse por um detalhe: eles optaram por eliminar, fazer sumir da face da Terra, os agentes da corrupção, fossem eles empresários, políticos ou qualquer outra pessoa.

Um jornalista ambicioso e de caráter um tanto quanto, digamos, difícil descobre tudo por acaso e, corrompido pelos confrades, aceita ficar de bico calado. Mas, ao corromper o repórter, eles não estarão agindo exatamente como aqueles que são por eles combatidos? Muito sofrimento à vista para o protagonista, o tal jornalista. Pra variar, muita filosofia, muito debate sobre a condição humana nos diálogos, com direito ao aproveitamento de alguns trechos de diálogos do renegado O Partido do Indivíduo. É, alguma coisa parece que se salvou daquele livro.

Em 1999, enquanto ainda escrevia A Confraria, fui compelido pela família a participar de um concurso de literatura infanto-juvenil da Agência de Cultura do governo do estado de Goiás. Aceitei o desafio.

Literatura infanto-juvenil... O que escrever, como escrever? Meu irmão deu a idéia: um disco voador cai numa fazenda e... A partir daí era comigo. Leitor de histórias em quadrinhos desde sempre, fã de filmes e séries de ficção científica, resolvi criar uma história que eu teria prazer em acompanhar. Assim surgiu O Amigo de Praga, que é, sim, uma obra infanto-juvenil, mas também adulta, senil, só juvenil, só infantil, “adolescentil”... Tentei usar uma linguagem que fosse palatável a todos e que não menosprezasse a inteligência de ninguém.

Talvez tenha funcionado, pois em 2000 recebi um telefonema avisando que eu tinha ficado em primeiro lugar no júri formado por professores universitários e por um escritor. Como prêmio, mil cópias da obra foram publicadas em ótima edição e excelente acabamento. Fiquei com 600 exemplares e os outros 400 foram distribuídos para bibliotecas de escolas públicas do estado.

Por enquanto, esta é minha história literária. Desde 2000, quando retornei ao jornalismo, não escrevi mais nenhum livro, embora idéias continuem a pulular aqui e ali pelo meu cérebro doentio. O que falta é organizar melhor minha rotina para voltar a cometer mais desses crimes de lesa-literatura.

Nos próximos posts colocarei no ar trechos dos meus livros, pois é impraticável postar os textos inteiros. Cara-de-pauzismo ou muita coragem de tornar público o que talvez deva ficar enterrado sob quilômetros cúbicos de terra?

Um comentário:

  1. Anônimo9:21 PM

    OI..irmaozinhooo........
    coloca mais quero ver os livrossss.......bjossss

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