sábado, junho 03, 2006

BRASILEIRÃO: DIVISÃO PRIMEIRA, FUTEBOL DE TERCEIRA

Estão vendendo gato por lebre. O que é oficialmente chamado de Campeonato Brasileiro da Série A não passa de uma disputa equivalente ao nível de terceira divisão nacional. Esta tese pode ser comprovada pelos números da própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Segundo o site da CBF (www.cbfnews.com.br), mais de 2 mil jogadores brasileiros estão atuando no exterior, espalhados por todos os continentes. Considerando-se que muitos desses são aventureiros ou medíocres inocentes levados por empresários inescrupulosos, admitamos que pelo menos uns mil tenham sido levados para fora do país devido a sua capacidade técnica.

Pois bem, esses mil ótimos e bons atletas poderiam estar abastecendo todos os 40 clubes que compõem as séries A e B do Brasileirão – 20 times em cada divisão, no modelo atual –, levando-se em conta que cada equipe conte com um elenco de vinte e poucos profissionais.

Logo, se nossos principais atletas, aqueles que estariam jogando pelas duas principais divisões do futebol tupiniquim, estão longe da terra natal, o que nós estamos acompanhando, o campeonato que mostra Cruzeiro, Santos, São Paulo, Fluminense, Inter e Goiás em feroz disputa pelo título, verdadeiramente não passa de uma terceira divisão brasileira. E o Atlético Mineiro e o Coritiba? Estão na quarta divisão de fato.

Que torneio teríamos se nossos clubes contassem com as maiores estrelas verde-amarelas em seus elencos? Quem seria favorito num campeonato em que o Flamengo tivesse Ronaldo, Juan, Cafu, Adriano e Gilberto Silva? Em que o Corinthians jogasse com Dida, Lúcio, Zé Roberto e Ronaldinho Gaúcho? Em que o Vasco escalasse Roberto Carlos, Robinho, Rivaldo e Fred? Em que o São Paulo alinhasse com Edmilson, Juninho Pernambucano, Emerson e Kaká? Em que o Cruzeiro recrutasse Luís Fabiano, Júlio Baptista, Fábio Luciano e Ricardo Oliveira? Em que o Grêmio ostentasse França, Edu, Silvinho e Cicinho?

Se não fôssemos uma economia esportiva exportadora de craques, teríamos o melhor campeonato do mundo, um espetáculo da proporção de uma NBA (a liga profissional do basquete norte-americano). Mas a atual situação vai perdurar enquanto o Brasil for um “país em desenvolvimento” – eufemismo criado para substituir o adjetivo “pobre”.

Assim como outros profissionais, nossos jogadores vão para onde houver maiores oportunidades de ganho financeiro. Europa, Coréia do Sul e Japão, com renda per capita em alguns casos até 10 vezes mais alta que a brasileira, ainda vão continuar por muito tempo detendo o melhor de nosso pé-de-obra, enquanto nós – pobretões do terceiro mundo, com enorme dívida externa e gente passando fome – continuaremos por aqui fazendo de conta que temos um campeonato de primeira.

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