sexta-feira, junho 23, 2006

ARISTÓTELES OMORRIS NA COPA

Como nós, ídolos, sofremos

Por Aristóteles Omorris

Dortmund, País Basco - Cada vez mais me identifico com as celebridades que fazem a festa dos pasquins de todo o mundo. É chato ser famoso. Por ser conhecido mundialmente, sei o que sofrem superstars como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, o casal Angelina Jolie/Brad Pitt, Madonna, Bono Vox e aquele jovem rapaz, o Rolling Stones.

Assim como no resto do mundo, aqui na Alemanha não posso sair às ruas que sou logo assediado por toda sorte de seres. Nas proximidades dos estádios sempre aparece alguém me oferecendo ingressos. Mal sabem os néscios que não preciso de tais mimos, afinal, tenho credencial para cobrir a Copa para o blog do maldito FC.

Às vezes os fãs são agressivos, como o sérvio que se aproximou - certamente para me pedir autógrafo. Provavelmente o pobre coitado tinha algum problema mental, pois, encarando-me, limitava-se a grunhir algumas palavras ininteligíveis e a bater com dois dedos da mão direita em seu próprio punho esquerdo.

Como não costumo dar atenção a esse tipo de gente, empinei o nariz e segui adiante. O fã se tornou agressivo e veio atrás de mim. Possesso, tentou me agarrar ao mesmo tempo em que fitava o mostrador de meu relógio. Foi quando percebi que o eslávico maluco exalava um cheiro de um azedume insuportável. Antes que meu obcecado admirador colocasse suas podres mãos em minha augusta pessoa, um bondoso agente policial germânico imobilizou-o.

Aconselhei o jovem tresloucado a tomar banho. Mas ele, ainda transfigurado, disse algo que depois me traduziram como:

- Sérvio não toma banho. Faz limpeza étnica.

Coitado. Em sua insanidade nem sabia do que falava. Desde quando o vulcão Etna pode passar por faxinas?

Anteontem fui aclamado por uma multidão. Desde então ganhei o informal, mas pomposo título de schwudel. Para onde quer que eu vá, todos me chamam, com deferência, de schwudel. Confesso que fiquei comovido pela homenagem, mesmo que seja apenas mais uma em minha laureada vida.

Aconteceu depois que reagi de forma veemente e enérgica a um episódio desagradável. Andava pelo centro da feia Dortmund quando um rapazote esbarrou em mim derramando uma gota de refrigerante em meu Armani. De forma imponente, obriguei-o, usando um tom de voz mais alto, a me arranjar outra vestimenta de igual nível enquanto a minha estivesse em processo de lavagem.

Uma alemã que passava começou a me chamar de schwudel, no que foi logo sendo seguida por todos. Até hoje, quando passo, as pessoas já vão dizendo: “Lá vai o schwudel”. Creio que seja uma justa homenagem àqueles que exercem com vigor sua cidadania. Tenho orgulho de ser um exemplo para todos. Como é bom ser schwudel.

NOTA DO EDITOR DO BLOG: Ao consultar especialistas em alemão, fui informado que a palavra schwudel refere-se a pessoas que, digamos, fazem parte de uma minoria em termos de preferência sexual.

Paisagem apreciada por Aristóteles Omorris toda manhã, quando acordava em sua mansão

Um comentário:

  1. Anônimo11:33 AM

    O que se pode dizer de tamanho... reconhecimento... de um simples en... viado. É. Acho que é isso.

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