domingo, junho 11, 2006

ARISTÓTELES OMORRIS NA COPA

Xeque-mate nos maledicentes

Por Aristóteles Omorris

Frankfurt, Roma - Meus inimigos - certamente comandados pelo inescrupuloso Francisco Cabral - têm me acusado de preguiçoso, vagabundo, folgado e outros adjetivos ainda mais ofensivos e impróprios pelo simples fato de eu ainda não ter enviado nenhuma coluna da Alemanha, falando de futebol, desde que cheguei ao país dos moinhos holandeses e do queijo suíço.

Gente, eu acabei de chegar! Trinta e cinco dias não é tempo suficiente para uma completa adaptação ao fuso horário. E olha que eu vim para cá proveniente da longínqua França...

Mas hoje, para provar minha sensacional e rara capacidade e talento nato adquirido, mesmo ainda sofrendo do mal do jet lag, estou enviando este texto que vale por milhares dos que pululam por aí. Trata-se de uma coluna ambidestra, pois simultaneamente falarei soberbamente de futebol e brindarei meu seleto público com citações de alta cultura. Preparai-vos e babai-vos, ó insignificantes detratores capitaneados por FC e seu vil cerebelo!

Como tenho uma visão além do alcance, a exemplo da espada justiceira de Lion, já havia antevisto as vitórias de Alemanha, Equador, Inglaterra, Argentina, Holanda (sobre dois países: Sérvia e também Montenegro), México e Portugal, além do empate entre suécios e trinido-tobaguenses. Ou seja, nada de novidade para este escriba, que hoje pôde parafrasear importante personagem do cerebral Carangos e Motocas e dizer a todos os colegas jornalistas: “Eu te disse, eu te disse!”

Sobre o dia da abertura da Copa, talvez nada tenha a acrescentar do que foi visto na TV. Nasceu bonito o dia em Munique, cidade em que passei parte de minha cosmopolita infância. Eu costumava pular o muro de Berlim para roubar mangas. Nosso vizinho Berlim, homem grosso e ranzinza, saía furioso e nos afugentava de seu quintal. Ai, que saudade!

Estaria fazendo um céu de brigadeiro, não fosse a falta de chocolate granulado no mercado mundial de commodities. Mesmo assim, fiz o sacrifício de ir ver a cerimônia. Pude rever um rapazinho negro que costumava engraxar meus sapatos. Ele subiu a um tablado, montado no centro do campo, ao lado de uma mulher loura. Quando ele ergueu uma espécie de escultura percebi o porquê de sua presença no palco da festa. Foi chamado para dar uma polida no objeto, que, tenho certeza, deve fazer parte da decoração da casa da moça.

Aproveitando o clima esportivo, não poderia terminar sem destilar mais uma citação de alto nível cultural: “Medalha, medalha, medalha!”

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