quarta-feira, janeiro 03, 2007

ENFIM, POESIA

Aqui já falamos de futebol, cinema, foram cometidas tentativas de se fazer humor, entraram trechos de livros obscuros do obscuro titular deste blog, apareceu muita prosa em forma de contos, artigos e frases malucas. Mas faltava alguma coisa. Algo mais sofisticado, delicado, trabalhado, iluminado. Agora não falta mais. Graças a uma brilhante garota jataiense, agora temos poesia!

Finalmente algo que presta neste blog!

Obrigado, Carliane, por autorizar este blogueiro a publicar seus versos. Agora conta pra gente como você consegue tempo e inspiração para poetisar por aí mesmo sendo estudante de direito e dedicada funcionária de banco.

Para marcar o início da colaboração da Carliane por estas plagas, um poema bem fresquinho, que fala da futilidade que é comemorar datas. Afinal, o universo é totalmente indiferente a calendários. E a seres humanos. Mais especificamente, ela mira na direção das velhas e desmoralizadas resoluções de ano-novo. Dá uma olhada.



1º de janeiro, ano novo?

A arvore seca
Negou bons frutos
Porque a ela não foram dadas
Chances do florir...

E de alguma ou outra maneira
Virou lenha pra aquecer
Quando a ela não foi lembrada
A água pra refrescar o sol que te aquecia...

Virou madeiramento
Da casa, do móvel
Restando-lhe assim como alento
Apenas o óleo de peroba...

Quando a si não fosse resguardado
O ser "tora" em cima de um caminhão
Do contrabando sem leis
Num país sem valores....

Talvez servisse outrora
Por ser haste que sustente
Um enfeite de luzes
Que sugere a alegria do Natal...

Depois disso é chegado o ano novo
Que de novo apenas é o 366º dia de um marco qualquer
Num calendário à base de papel...
Seria ele também feito por árvore?

Você me lê nesse momento
E talvez esteja lendo-se também
Seres árvores de um mundo sem compaixão
Que não olha senão para o próprio umbigo, ou melhor,
Suas próprias raízes...

Porque para produzirmos frutos
Precisamos que nos ofertem flores
E quando isso não acontece
Merecemos mesmo é uma boa dose de "óleo de peroba"...

Enquanto nossas luzes de Natal durarem
Não nos divertiremos
Pois estaremos contando os segundos
Pra que a "virada do ano aconteça"
E sejamos desenfeitados e esquecidos...

Seres humanos
Que não adubam seus corações
Sedentos da seiva bruta
Que sustenta as suas almas.

Carliane Soli

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