quinta-feira, dezembro 07, 2006

FUTEBOL: MEUS PITACOS

Há alguns anos escrevi na Folha do Sudoeste uma série de artigos em que detalhava uma proposta de reformulação do calendário do futebol brasileiro. Foi um troço amplo e cheio de minúcias. Também mandei a proposta para a CBF, mesmo sem esperança de que o panorama fosse mudado. Tinha razão em minha desesperança. Nada mudou. De bom mesmo, de lá pra cá, só a adoção do sistema de pontos corridos e turno e returno no Campeonato Brasileiro das séries A e B. Mas times pequenos como a gloriosa Associação Esportiva Jataiense continuam paradas a maior parte do ano.

Agora dois fatos me motivaram a voltar à carga. Um deles na verdade já tem quase três anos: o Estatuto do Torcedor, que obriga as entidades dirigentes do futebol a fazer com que os clubes profissionais tenham no mínimo 10 meses de atividade por temporada. O outro fato é a recente proposta da Fifa de alterar o calendário futebolístico dos "europos". Quem nem nós, eles poderão jogar de fevereiro a novembro. Ou seja, a Europa se curva ao Brasil... Assim, tive de refazer minha proposta, que originalmente passava pela nossa adaptação ao calendário "velho-múndico".

Bem, mas vamos ao que interessa:

PROPOSTA DE CALENDÁRIO PARA COMPETIÇÕES NACIONAIS

PROBLEMA 1: Federações e CBF não cumprem o Estatuto do Torcedor, que determina que as entidades garantam o mínimo de 10 meses de atividades a todos os clubes de futebol profissional do país.

PROBLEMA 2: Disputa da Copa do Brasil e das copas Libertadores da América e Sul-Americana em apenas um semestre aperta o calendário e, no caso da competição brasileira, restringe o número de participantes.

PROPOSTAS PARA A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DADOS:

1) Adoção de um período (de maio a setembro, preferencialmente), entre o final dos campeonatos estaduais e o início da fase final do Campeonato Brasileiro da Série C, durante o qual serão realizados torneios estaduais seletivos, ao mesmo tempo, para a Série C e para a Copa do Brasil da temporada seguinte. Os melhores de cada unidade da Federação (UF) totalizarão os 64 participantes da fase final da Série C, que será disputada de setembro até o início de dezembro. Esses 64 clubes também estarão automaticamente classificados para a Copa do Brasil da temporada seguinte. O número de clubes classificados por UF deverá obedecer a um ranking nacional. Assim, São Paulo, por exemplo, teria cinco vagas, Rio de Janeiro, três, e assim por diante, desde que cada unidade da Federação tenha no mínimo duas vagas asseguradas. Nesses torneios seletivos estaduais - que poderão ser chamados de Copa Federação, Copa Fulano etc. - poderão participar todos os clubes profissionais de cada UF, não importa a que divisão pertença a agremiação. A fórmula de disputa fica a cargo de cada entidade estadual. Em São Paulo, por exemplo, devido ao grande número de clubes, poderão existir grupos regionalizados.

2) Para que os clubes eliminados da fase final da Série C nacional não fiquem sem atividade até o final da temporada, eles serão convidados a disputar, de meados de setembro até o início de dezembro, uma nova seletiva estadual para indicar as vagas restantes (uma por UF) para a Copa do Brasil da temporada seguinte. É primordial que essa competição nacional passe a ter 128 ou mais participantes. Disputada o ano inteiro, em jogos de ida e volta, com 128 times ela usaria apenas 14 datas. Terão vaga garantida os 40 participantes das séries A e B, os 64 da fase final da Série C e mais 24 oriundos da seletiva final. Se todas as unidades da Federação realizarem suas respectivas seletivas finais, teríamos, portanto, 27 classificados. Nesse caso, na temporada seguinte, haveria uma pré-Copa do Brasil, em que, por sorteio, alguns dos clubes que jogaram a seletiva final - de setembro ao final da temporada - se enfrentariam em mata-mata pelo direito de ficar entre os 128 participantes da Copa do Brasil.

3) Com uma Copa do Brasil com 128 participantes, é necessário que essa competição seja disputada ao longo de toda a temporada e não apenas em um semestre, como acontece hoje. Desse modo, precisando de 14 datas, com no máximo duas rodadas por mês, nos meios de semana, a Copa do Brasil poderia começar em fevereiro e terminar em agosto ou setembro, ou seja, seu clímax continuaria longe das rodadas finais do Campeonato Brasileiro. Com isso, as emoções permaneceriam distribuídas ao longo da temporada (lembremos das emoções dos campeonatos estaduais, com final em maio). Em ano de Copa do Mundo, a Copa do Brasil poderia terminar em outubro.

4) Um calendário mais racional também pede que as copas Libertadores e Sul-Americana sejam disputadas ao longo do ano e com participantes diferentes. Hoje o maior entrave a uma mudança nessa direção é a Argentina, que segue - mais ou menos - o calendário europeu. Mas, como os europeus estão propensos a alterar seu calendário, com campeonatos de fevereiro a novembro, ficará mais fácil convencer nossos vizinhos a fazer o mesmo. Com rodadas mais espaçadas nos torneios continentais, os melhores clubes brasileiros poderão voltar a jogar a Copa do Brasil sem sofrer com o excesso de jogos.

PROPOSTA DE CALENDÁRIO - RESUMO

JANEIRO A MAIO
Campeonatos estaduais - todas as divisões
Primeiras rodadas da Copa do Brasil e das copas Libertadores e Sul-Americana

MAIO A SETEMBRO
Torneios seletivos para a Série C nacional e Copa do Brasil da temporada seguinte
Primeiro turno do Campeonato Brasileiro - séries A e B
Rodadas finais da Copa do Brasil

SETEMBRO A DEZEMBRO
Fase final da Série C nacional
Rodadas finais da copas Libertadores e Sul-Americana
Rodadas finais do Campeonato Brasileiro - séries A e B
Seletivas finais estaduais para a Copa do Brasil da temporada seguinte

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