sexta-feira, novembro 16, 2007

UMA SÚBITA DIGRESSÃO SOBRE A POLÍTICA

O primeiro mandamento de uma pessoa decente – ou que se pretende decente – deveria ser: “Jamais entrarei em um partido político”. E o segundo: “Nem mesmo simpatizarei com um partido político”.

Não prego a alienação, a entrega da política aos políticos ou o voto branco ou nulo. Pelo contrário. Apenas considero que a maneira mais pura, honesta, altruísta e sincera de se envolver com a política é não pertencer a qualquer partido, movimento ou tendência política.

Essa história de mandamentos invadiu meu combalido cérebro durante a exibição do programa eleitoral gratuito do PSB (dia 15/11/2007). Nele apareceram o cantor Fagner e o escritor Ariano Suassuna. O primeiro confessa que se imiscuiu a apoiar este ou aquele partido, esta ou aquela idéia e – o pior – este ou aquele candidato desde 1986. O segundo voltou a professar sua fé no socialismo.

Santa ingenuidade! Santa? Diabólica! Que candidato ou partido apoiado por Fagner nessas duas últimas décadas deixou de decepcionar a ele e ao eleitor que o apoiou? Que idéia defendida pelo cantor cearense sobreviveu à política rasteira quando seus pregadores chegaram ao poder? Quanto idealismo foi deixado de lado em favor do poder pelo poder e do conteúdo dos cofres públicos?

E que socialismo Suassuna vê no PSB, que hoje abriga uma miríade de políticos que já passaram por partidos que foram identificados mais com a direita e com o centro do que com a esquerda? Aliás, dá pra confiar no esquerdismo de qualquer partido deste país? Ou, para quem gosta, no “centrismo” ou no “direitismo” das nossas agremiações?

Ariano, Fagner e outros românticos talvez continuem embriagados por suas ilusões por uma questão de inércia – ou convicção mesmo, por que não? Mas o fato é que o mundo só vai ser mais justo e igualitário à medida que o ser humano for evoluindo, amadurecendo. Enfim, trata-se de um processo natural.

Sempre que uma pessoa e seus seguidores tentaram acelerar o processo – por meio de revoluções, golpes ou decretos –, o resultado foi o totalitarismo, a tragédia e, por fim, o efeito contrário, ou seja, o retrocesso.

O próprio amadurecimento da humanidade cuidará de dar cabo aos políticos da estirpe à qual estamos acostumados e nos levará a uma sociedade melhorzinha. Enquanto isso, o que podemos fazer de melhor é não ser de partido algum, não se intitular de direita ou de esquerda e, claro, não deixar de descer o cacete na politicalha. Senão, vamos ficar por aí bancando o inocente útil, que nem o Fagner e o Ariano Suassuna.

Um comentário:

  1. Ótimo!
    Sinceramente, acho um absurdo ver artistas apoiando campanhas políticas! Deveria ser proibido! Não é novidade para ninguém a influência que a mídia pode ter na opinião de algumas pessoas. Se são alienadas, não importa. O que importa é que seus votos estarão lá.
    Bjs

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