segunda-feira, julho 04, 2011

MICROCONTO MEIO QUE INCLASSIFICÁVEL

Advérbio de Almeida

Sem-eira-nem-beiramente, cresceu perto do cais, onde a-ver-naviosmente sonhava com aventuras para além de sua doméstica mezzomental, mezzofísica clausura. Acabou partindo via-terrestremente, resolvendo parar na cidade em que as pessoas mais coloridamente se vestissem.

Como, contrariamente a tudo que esperava, as pessoas coloridamente vestidas levassem a vida acinzentadamente, sua cabeça turbilhonou-se ao ponto de autoperdição. Fora-de-orbitamente, perpetrou desatinos e crescentemente tornou-se uma ameaça à cinza sociedade.

Atos eticomoralegalmente condenáveis tornaram-no habitofrequentemente hóspede do sistema penitenciário local. Quando, num paroxismo hemorrágico-perfurocortante, deixou permanentemente sem vida um cúpulo-influentemente bem colocado indivíduo, ganhou o direito de viver xilindrorreclusamente.

Comportamentalmente correto, saiu em menos de seis anos. Centradamente, empregou-se, casou-se e firmou-se. Socialmente aceito, comprou casa perto do cais. Ensimesmadamente, embora trabalhasse assoberbadamente, quedava-se a-ver-naviosmente. Como dantes. O passado, repleto de advérbios escolhidos erradamente. Talvez. Sim ou não. Não importa. Mesmo. O que importa é o advérbio que restou: infelizmente.

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