quarta-feira, outubro 01, 2008

PRATÃO, PIPÓCRATES E AS ELEIÇÕES

- Que cara é essa, Pratão?
- Como “que cara”? É minha cara de sempre. A mesma merda de sempre.
- Eu te conheço, porra! Quêqui aconteceu?
- Ah, Pipócrates... Meu filho... Ele...
- Quêqui tem ele? Tá doente?
- Pior... Ontem ele disse que ia sair pra jogar bola com uns amigos.
- Qual o problema nisso?
- O problema é que eu fiquei sabendo que ele foi é na Parada Gay!
- Puxa vid... Mas talvez ele seja apenas simpatizante... Tem muita gente que vai só pra ver a festa e...
- Simpatizante o caralho! Desde quando simpatizantes no dia seguinte recebem flores com cartões escritos “Com amor, Carlão”?
- Bem... É... Vamos mudar de assunto, vamos mudar de assunto... E as eleições? Tá chegando o dia. Quêqui tu tá achando das campanhas?
- A bosta de sempre.
- É... Nisso tenho que concordar. É um saco essa merda de campanha eleitoral. O pior é que a droga é ministrada de dois em dois anos. Mas tem um projeto aí pra unificar as eleições todas. Daí vamos ter campanha só de quatro em quatro anos. Vai minimizar o problema.
- Se for aprovado, vai ser pior pro povo.
- Porra, Pratão! Tu mesmo acabou de falar que campanha é uma bosta!
- E é! Mas é um mal necessário. Se tivesse eleição TODO ano, seria muito melhor pra sociedade, apesar do baixo nível dos políticos e dos programas eleitorais.
- Ah, vai tomar no cu! Eleição todo ano? Aí eu me suicidava.
- O que seria um baita favor ao mundo.
- Ah, vai te f...
- Tu não viu os estudos que os viados dos cientistas publicaram?
- Que estudos?
- Foi comprovado que os donos do poder trabalham mais em anos eleitorais.
- Claro, eles querem ser reeleitos ou eleger seus cupinchas.
- Mas não deixam de beneficiar o povo. A sede pelo poder faz com que eles pensem mais em agradar os eleitores. Ponto pra nós, porra!
- Só que, quanto mais eleição, mais despesa pros cofres públicos.
- Despesas com a realização das eleições? Bah! São ínfimas perto das obras e outras porras que os políticos fazem pra sociedade. Uma ponte e um conjunto habitacional pagam as eleições municipais em todo o país. Então imagine pontes sem fim e casas a rodo espalhadas pelo Brasil afora! Pô!?
- Mas a gastança pública pode aumentar as dívidas de União, estados e municípios, babaca.
- Pra que existe a merda da Lei de Responsabilidade Fiscal? É só fazer cumprir essa joça. Tem que funcionar esse troço de três poderes, viado!
- Mas essa merda de campanha é um saco. Principalmente o tal do horário gratuito na televisão. Fica atrapalhando meus programas. Tu sabe que eu gosto dos canais educativos, os programas-cabeça...
- Pra cima de mim, pederasta? Tu só vê novela, canalha! E de todos os canais! Eu tô sabendo, frutinha... Enquanto tá vendo novela num canal, põe pra gravar a do outro. Coisa de boiola-quase-transexual...
- Vai pro inferno, cornão!
- Pra poder ver suas novelas no horário de sempre, tu tá disposto a sacrificar o bem-estar dos mais necessitados, né mesmo? Tendo eleição todo ano, o povo mais sofrido vai ter mais saúde, educação, segurança, saneamento básico, moradia e outras porras. Mas tu quer que todo mundo fique à míngua porque a merda do horário eleitoral atrapalha suas novelinhas, pois tu morre de curiosidade pra saber quem fica com quem. Ora, vai tomar no meio do cu!
- Vai tu, animal!
- Posso até ir, mas não sem antes dar umas porradas no Totó, só pra descarregar a raiva.
- Aí tudo bem. Bater no Totó é uma obrigação cívica que deveria ser ensinada nas escolas.

Pratão e Pipócrates, filósofos de rua, discordam em tudo, menos no sadio ódio visceral a Aristóteles Omorris (Totó, para os não-íntimos)

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