terça-feira, outubro 23, 2007

FUTEBOL: UM PROBLEMA RECORRENTE

O artigo abaixo eu escrevi em 2003. Quatro anos se passaram e eu não preciso queimar meus parcos neurônios para abordar o mesmo assunto, pois nada mudou de lá pra cá. Como este texto é inédito para este blog (já que o cometi originalmente para a Folha do Sudoeste), "brindo" a todos com sua postagem.



A temporada da Raposa

Como prometido no festival de besteiras... ou melhor, como prometido no artigo anterior (também publicado na Folha do Sudoeste, no já longínquo 2003), vamos usar exemplos concretos para mostrar como se pode implantar um calendário em que os times pequenos não fiquem desativados por quase 90% da temporada futebolística. Tomemos como paradigma a Jataiense, que neste ano participou do Campeonato Goiano da Primeira Divisão por menos de dois meses. E só. O período de março a dezembro é um eterno coçar, uma estúpida espera pela próxima edição do “Goianão”.
Pelo calendário proposto aqui mesmo neste espaço, a Raposa do Sudoeste iniciaria suas atividades em 15 de julho. Faria sua pré-temporada, com treinos e amistosos, até meados de agosto, quando começaria a primeira fase do Campeonato Goiano da Primeira Divisão – sem os clubes goianos que jogam o Campeonato Brasileiro (há quatro anos o Goiás estava na Série A, enquanto Vila Nova e Anapolina disputavam a B). O modelo ideal seria o de pontos corridos em turno e returno durante os seis meses reservados para os estaduais. Se os clubes optarem por um torneio dividido em fases, que fique registrada no regulamento uma norma que evite a eliminação de qualquer time antes que a fase inicial complete cinco meses de disputa.
Terminada a fase inicial do Goianão, em meados ou final de fevereiro do ano seguinte (dependendo da data do carnaval), a Jataiense, caso tenha chegado em primeiro ou em segundo lugar, estará classificada para a Copa do Brasil do ano seguinte e vai automaticamente para a fase regional do Campeonato Brasileiro da Série C, que começa já em março. Estaria ainda garantida na fase decisiva do Campeonato Goiano, onde, nos dois últimos meses da temporada, enfrentaria Goiás, Vila e Anapolina – além dos outros times de melhor colocação na fase inicial.
Na primeira fase da Série C nacional, com a ajuda da CBF em relação às despesas, a Raposa enfrenta o outro classificado goiano e mais os campeões e vices de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, em ida e volta, todos contra todos, passando os dois primeiros colocados para a segunda fase. Ou seja, são mais 14 jogos garantidos na temporada, o que representa no mínimo mais 14 datas – ou quase três meses de atividade, utilizando-se dois ou três meios de semana.
Na segunda fase, já em nível nacional, com 16 classificados, dois de cada chave regionalizada, começa o mata-mata, com confrontos sorteados e passagens aéreas financiadas pela CBF. Ao final, em junho, os dois primeiros sobem para a Série B do Campeonato Brasileiro de forma direta, enquanto as equipes que terminarem do terceiro ao sexto lugares ainda terão a chance de subir pelo confronto direto e eliminatório, em duas partidas, com os times da Série B que terminarem do 19° ao 22° lugares. A definição do quinto e do sexto melhores colocados se daria por critérios técnicos ou pelo confronto entre os perdedores das quartas-de-final. Pelo menos essa decisão eu deixo para os clubes e/ou a CBF...
Suponhamos – e torçamos – que a Raposa tenha subido para a Série B nacional depois da disputa de nossa hipotética Série C. Assim, na temporada seguinte ela passaria o ano todo disputando essa competição, não precisaria participar da fase inicial do Campeonato Goiano (a não ser com o time reserva, somente para movimentar todo o elenco) e ainda jogaria a Copa do Brasil, quando teria a oportunidade ímpar de enfrentar clubes do porte de Flamengo, Corinthians e todo o resto da turma do Clube dos 13.
Caso o clube não seja campeão ou vice da primeira fase do estadual, ele ainda assim não seria relegado à inatividade. Juntamente com os outros eliminados e talvez com os times da segunda e terceira divisões do estado, ele jogaria uma seletiva (regionalizada) para a Copa do Brasil do ano seguinte, que, ao final apontaria os últimos 26 participantes da competição – um punhado de cada chave regional.
Em meados de junho viriam as tão merecidas férias para a Jataiense e todos os outros clubes. Ficaríamos apenas 30 dias sem ver nosso time funcionando a todo vapor. Afinal, a temporada da Raposa passaria a durar quase um ano inteiro.

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