A muralha e o paredón
Aristóteles Omorris
Kung-fu, Xaolin – Para meu intenso fastio iniciei nesta semana a preparação para a cobertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, chamada às vezes de Beijing, anteriormente Seling e Bicoting. Com relutância aceitei o pedido para que eu use meu imenso e inesgotável arsenal cultural, minha inestimável experiência em favor deste mérdico blog.Talvez a lamentável cúpula deste, com o perdão da palavra, órgão de comunicação tenha me escolhido devido a minha ligação com o povo chínico. Como consultor das maiores empreiteiras do mundo, fui convidado pelo imperador Do In para conceber o projeto de uma obra que servisse como defesa inexpugnável do regime chinérico.
Com poucas caminhadas em volta do famoso monte Fuji Film, a inspiração voltou a brindar-me de forma generosa. “Vossa Serena, Magnânima, Amarélica e Nipônica Majestade quer proteger vosso augusto regime, não é mesmo?”, argumentei junto ao soberano, que, não sei o motivo, torceu o nariz ao ouvir a palavra “nipônica” – frescura oriental. Antes que ele respondesse, completei: “E qual a melhor forma de proteger um regime? Calando a oposição”.
Foi quando surgiu o projeto para a construção da Grande Muralha da China. Depois de pronta, colocamos todos os opositores do regime de costas para os milhares de quilômetros da muralha e passamos-lhes fogo. Em segundos estavam neutralizadas as maiores ameaças à dinastia do meu japa chapa.
Confesso que, apesar de ser considerado um herói nacional naquele distante país, tenho ido pouco à China. A última vez foi por volta dos anos 40 ou 50, quando ajudei meu bom amigo Mao a colocar um fim à insurreição do Dalai Lama e seus monges, que insistiam em ficar somente meditando e pregando o bem e o desprezo às coisas materiais. Escória!
Quando o atual governo chinélico me receber com tapete vermelho e todas as honras que ainda me serão poucas, exigirei do presidente e do secretário-geral do PC luxuosos aposentos na Cidade Proibida, onde poderei me isolar dos entediantes eventos esportivos. O que mais detesto em Olimpíada é esse negócio de jogos, atletismo, vela etc.
Aristóteles Omorris é o sujeito que, em 1970, disse a Pelé: “Meu bom crioulo, vá até aquela farmácia ali e me traga um pacote de supositórios”
Adorei, Francisco!
ResponderExcluirÓtimo texto, como todos que você escreve!
Abçs