segunda-feira, outubro 12, 2009

DICA DE LIVRO: STÁLIN - A CORTE DO CZAR VERMELHO


São 864 páginas de uma dura lição sobre o que de pior pode vir do ser humano. De sanguinária insanidade comparável talvez só à de Hitler, o líder soviético Josef Stálin não pode ser tratado por algo mais brando que a palavra genocida. O pior é que tem gente em altos cargos governamentais - na Rússia e no Brasil, hein? - que ainda defende o pai da Svetlana.

Entre um afago na filha e um bom livro, uma rápida ordem para fuzilar milhares de "inimigos do povo". Assim era a rotina do homem mais temido da história da Rússia e seus satélites.

O livro traz memórias e diários inéditos de personagens importantes, além de entrevistas com os sobreviventes e descendentes dos poderosos da era stalinista. O jornalista e escritor inglês Simon Sebag Montefiore beneficiou-se da recente liberação de cartas, bilhetinhos, anotações nas margens de documentos e livros, minutas de reuniões, agendas e papéis que passavam todos os dias pela escrivaninha de Stálin, em muitos dos quais ele deixava sua marca de aprovação, reprovação ou escárnio. Com isso, pôde revelar a intimidade do poder que até agora permanecia envolta em mistério e mostrar sua face mais humana, embora nem sempre menos brutal. Montefiore oferece um retrato de Stálin - leitor compulsivo, apreciador de música e cinema, burocrata minucioso e infatigável, pai rígido, marido desesperado com o suicídio da esposa, político suspeitoso e paranóico, implacável com possíveis inimigos e concorrentes, e líder disposto a sacrificar qualquer coisa - família, amigos, camaradas e milhões de camponeses e soldados - em nome do ideal comunista.

O autor traz para o primeiro plano o que chama de 'magnatas', os membros do círculo íntimo do poder - Mólotov, Vorochílov, Mikoian, Khruchióv e muitos outros -, que, como uma grande família, participavam de longos jantares e intermináveis bebedeiras, em que decidiam assuntos de Estado e compartilhavam a responsabilidade pelo terror. Montefiore relata em detalhes os bastidores das grandes decisões políticas e diplomáticas, ao mesmo tempo em que penetra na 'cozinha' dos poderosos, revelando as preocupações cotidianas com a saúde, as férias, os filhos, ou o 'disse-me-disse' muitas vezes mortal dos corredores do Kremlin. No fim, temos a imagem detalhada e completa da grande máquina montada para implantar o comunismo a ferro e fogo.