segunda-feira, março 31, 2008

ARISTÓTELES OMORRIS 2008



‘O Estado sou eu’ (graças a mim, né, Luisinho?)

Aristóteles Omorris

Não gosto de falar de mim mesmo. Deixo isso para meus biógrafos. Mas às vezes faz-se necessário responder a algumas críticas infundadas, mesmo porque, como já dizia o mudinho Leomar, “uma mentira repetida toda hora, em dízima periódica, acaba se tornando uma verdade”.

Também não sou de ficar em cima do muro. Até porque sofro de labirintite. Acusaram-me de ter sido o artífice da chegada de Hugo Chávez ao poder na Venezuela. Mentira deslavada! Apesar de eu ter apoiado esse grande estadista, minha participação foi modesta, se comparada a minha contribuição à magnânima Revolução de 1964.

Estou sempre do lado dos verdadeiros democratas. Isso desde que participei da campanha eleitoral do meu velho amigo Napoleão. Infelizmente a noção correta de democracia se perdeu de uns séculos para cá. Mas Chávez, Fidel, Bush, o PC chinês e eu estamos trabalhando duro para impor nosso libertário ponto de vista a todos. Nem que seja pela força das armas.

Democracia é o governo do povo. Governar é dirigir. Logo governar é dirigir o povo. Para o lado que você quiser. A democracia, portanto, é o governo do mais capaz, que é sempre o mais forte.

Claro que sou a favor do pensamento da maioria. Desde que, evidentemente, esse pensamento não seja um empecilho aos planos do bom governante, do grande líder. Às vezes o povo enche o saco. Por isso admiro gente como o Huguinho, o Fidelito, o Benitinho, enfim, todos os meus amiguinhos poderosos.

Muitas vezes desconfiei de governantes recém-eleitos. Tenho sérias restrições a pessoas que chegam ao poder pela força das urnas. Causa-me asco o golpe das eleições. Mas uma boa conversa no gabinete da nova liderança costuma me convencer das boas intenções do neomandatário. Uma boa conversa regada a um belo depósito em uma de minhas contas na Suíça, obviamente.

Mas já perdi tempo demais com vocês, pobres. Agora tenho de me retirar, pois fui chamado a intervir contra os ridículos insurgentes em prol da liberdade para o Tibete. Por mim, demoliria aqueles templos e os transformaria em algo mais produtivo, como fábricas de tênis Nike para o Paraguai.

Aristóteles Omorris é aquele papagaio de pirata que aparecia no original da Santa Ceia, de Da Vinci