segunda-feira, maio 16, 2011

MICROCONTO DESNECESSÁRIO: O PRETERIDO

Ele era perfeito para o cargo. Três graduações, dois mestrados e um doutorado. Mais de 20 anos de sucesso comprovado no serviço privado, em que angariou uma imagem de competência, seriedade e integridade. Quem o conhecia estranhou quando ele se aproximou de alguns políticos nas últimas eleições. Chegou inclusive a fazer algumas doações para certas campanhas. Então revelou que tinha o sonho de ocupar um cargo público. "Quero contribuir com a sociedade com algo mais, fazer algo diferente", discursava, transparecendo sinceridade. Com a vitória dos candidatos que apoiara, foi naturalmente cogitado para o primeiro escalão do governo. Dia após dia, esperava pelo anúncio de seu nome. Nada. Preenchidas todas as vagas principais, ele começou a sondar os "amigos" políticos sobre os motivos do esquecimento de seu nome. Na verdade não havia nada de errado com ele. Mas faltava algo mais, algo que as pessoas não lhe diziam com clareza, mas que ele percebeu do que se tratava. Exasperado, ligou para o grande cacique político: "E quem disse que eu sou honesto?"